Soke Mabuni Kenei

Soke Kenwa Mabuni  (Nov 14 1989-1952) Fundador Estilo Shito-Ryu 

Kenwa Mabuni nasceu em 14 de novembro de 1889, na cidade de Shuri, capital da ilha de Okinawa na época. Era o segundo filho de uma antiga família de oficiais dos reis de Ryūkyū, denominada Shizoku (descendentes da casta Pēchin), membros de sua família serviram a senhores de Ryūkyū durante centenas de anos.

Kenwa Mabuni teve seu primeiro contato com o Tōde (antigo nome do Karate-dō) por volta dos dez anos de idade, através de um ajudante de seu pai que trabalhava em sua casa chamado Zeihaku Matayoshi, com quem aprendeu o kata naifanchi (naihanchi shodan). Porém, foi a saúde precária de Kenwa Mabuni que levou seu pai a procurar nas artes marciais um meio para fortalecer seu corpo.

Kenwa Mabuni foi apresentado por um dos amigos de seu pai ao célebre mestre de Shuri-teAnkō Itosu (1830-1915), que contava com mais de setenta anos na época e era um dos artistas marciais mais famosos da cidade de Shuri. Foi assim que aos 13 anos de idade Kenwa Mabuni começou a praticar as técnicas do Shuri-te, convertendo-se em discípulo de Ankō Itosu a quem se manteve fiel até a morte do mestre, aos 85 anos.

Aos vinte anos, Kenwa Mabuni começou a trabalhar como professor suplente na escola primária de Naha. Foi nesta escola que conheceu e travou grande amizade com Chōjun Miyagi (1888-1953), que mais tarde viria a fundar o estilo Gōjū-ryū.

Em 1909, incentivado por Chōjun Miyagi, que era um de seus melhores amigos, e apoiado por seu mestre, Ankō Itosu, a expandir seu conhecimento marcial, Kenwa Mabuni começou a aprender o Naha-te. Foi por recomendação de Chōjun Miyagi que Kenwa Mabuni pode aprender diretamente com Kanryō Higaonna (1853-1915), que vivia em Naha e era o maior expoente deste estilo.

Assim, desde 1909 até meados de 1910 quando ingressou no serviço militar, servindo na guarnição de Kumamoto, e após a conclusão de seu alistamento, dois anos mais tarde, Kenwa Mabuni pode treinar simultaneamente com Ankō Itosu e Kanryō Higaonna, que eram os dois mais proeminentes mestres de Karate da ilha de Okinawa desta época.

Em 1912, Kenwa Mabuni concluiu o serviço militar, altura em que, a conselho de Chōjun Miyagi, ingressou na escola de polícia de Okinawa. Dois anos depois, aos 25 anos, tornou-se inspetor de polícia, cargo que ocupou por aproximadamente dez anos.

Seu ofício lhe facilitava o deslocamento por toda a Ryūkyū, dando-lhe a oportunidade de visitar diferentes partes do arquipélago. Durante estas viagens teve a oportunidade de conhecer e treinar muitos estilos, inclusive com mestres locais pouco conhecidos, por este motivo teve a oportunidade de resgatar numerosos katas e técnicas.

O ano de 1915 foi muito triste para Kenwa Mabuni, pois faleceram primeiro Kanryō Higaonna e depois Ankō Itosu, com uma diferença inferior a um ano um do outro.

Após a morte de seus mestres, Kenwa Mabuni conheceu e passou a treinar com Seishō Aragaki (1840-1918) que vivia em Kumemura, e ensinava um estilo similar ao Naha-teSeishō Aragaki também era um reconhecido mestre de Kobujutsu (arte marcial antiga).

Kenwa Mabuni tinha apenas 26 anos na época em que perdeu seus dois mestres e julgava-se ainda muito jovem para prosseguir seu próprio caminho. Então, juntamente com Chōjun Miyagi, apenas um ano mais velho, decidiu estabelecer um grupo de pesquisa para o estudo e prática do Tōde.

Em 1918, Kenwa Mabuni colocou sua casa a disposição para as reuniões do grupo de estudo que foi nomeado “Ryūkyū Tōde Kenkyū-kai” (Associação para pesquisa do Tōde de Okinawa). Esta associação era formada pelos mestres mais importantes da ilha de Okinawa na época: Chōshin ChibanaGichin FunakoshiChōtoku KyanChōki Motobu, entre outros.

Não levou muito tempo para Kenwa Mabuni transformar-se em um respeitado instrutor de Shuri-te e Naha-te. Em 1918, já havia se tornado uma personalidade importante dentro das artes marciais.

Por volta de 1924, Kenwa Mabuni conheceu Wu Xian Hui (1887-1940), um mestre chinês, comerciante de chá, que vivia em Okinawa, cujo nome era pronunciado Gogenki no dialeto de local, que ensinava “Báihè-quán” (punhos da garça branca), proveniente da província de Fújiàn na China. Os ensinamentos deste mestre tiveram grandes influências no estilo criado por Kenwa Mabuni, que aprendeu com ele os katasNipaipoHaffa (Hakuchō) e Paipuren (Happōren), formas que são até hoje ensinados no Shitō-ryū.

Em 1927, Kenwa Mabuni e Chōjun Miyagi tiveram a oportunidade de demonstrar e explicar as técnicas e a filosofia do Tōde para Jigoro Kanō, fundador do Jūdō. Kenwa Mabuni demonstrou o estilo Shuri-te e Chōjun Miyagi demonstrou o estilo Naha-teJigoro Kanō ficou encantado com a demonstração e comentou sobre a possibilidade da propagação desta arte marcial por todo o Japão.

Inspirado pelas palavras de Jigoro Kanō, Kenwa Mabuni decidiu mudar-se para o Japão. Então, no início da Era Shōwa|Shōwa-jidai, em 1929, aos quarenta anos, Mabuni mudou-se com sua família para o Japão, estabelecendo-se em Ōsaka com o objetivo iniciar a propagação do Tōde naquela parte do país.

Kenwa Mabuni faleceu no dia 23 de maio de 1952, aos 62 anos de idade, vitima de ataque cardíaco. A importância de Kenwa Mabuni era tal que sua morte foi anunciada por todo o Japão através do rádio. Em seu sepultamento, no cemitério de Hattori em Ōsaka, compareceram mais de três mil praticantes de Karate.

Citações Princípios criados por kenwa Mabuni

Características

sensei Kenwa Mabuni dedicou-se a preservar exatamente a forma e a essência das técnicas tradicionais, ensinando-os exatamente como lhe haviam sido ministrados, de modo a consolidar os três grandes estilos, Shuri-teNaha-te e Tomari-te, em um único sistema detalhado, resultando na combinação das características dos estilos mais duros e lineares Shuri-te e Tomari-te, de Ankō Itosu, com o estilo suave-circular do Naha-te, de Kanryō Higaonna. Porém, Kenwa Mabuni não se contentou em mesclar as correntes, também sistematizou o treinamento de maneira racional e científica, construindo uma verdadeira e original síntese, posto que lastreada de forma fiel nos diversos mestres.

O estilo é o sistema mais extenso de Karate-dō que existe. Se distingue dos demais pelo grande número de kata, pela suavidade e versatilidade das técnicas de combate e pela inclusão de técnicas de solo (Ne-waza) e do uso de armas (Kobudō).

Do Shuri-te e Tomari-te, foram herdadas as técnicas lineares baseadas no estilo externo proveniente do norte da China que tem, como principais características, a velocidade, a agilidade, a explosão, as técnicas em linha reta, os chutes altos e as posições naturais. Em verdade, à época da formação do estilo, o mestre Ankō Itosu ensinava um já previamente condensado dos dois estilos, que se convencionou chamar de Shorin-ryu.

Do Naha-te, de Kanryō Higaonna, o estilo herdou o paradigma de técnicas suaves e circulares, baseado no estilo interno proveniente do sul da China que tem, como principais características, a força concentrada, a busca pelo combate a curta distância, as técnicas circulares, chutes baixos, as posições estáveis e a respiração abdominal (Ibuki).

As posições de treinamento em kihon buscam ser naturais, nem muito baixas, nem muito altas, existindo pouca diferença entre o treinamento e a aplicação real. As posturas mais baixas foram completamente preservadas, segundo o intuito do fundador, de modo exato.

As diversas posições são utilizadas em todas as direções, sempre coordenando simultaneamente técnica, corpo e quadril. A forma de fechar o punho é a mesma utilizada pelas outras escolas de Karate-dō, porém o hikite é feito na “metade do corpo”. E a força das técnicas concentra-se no baixo ventre (tanden), onde reside o centro de gravidade.

Denominação

O termo Shitō-ryū provém das iniciais dos nomes dos dois principais mestres de Kenwa Mabuni, Ankō Itosu (安恒糸洲?) e Kanryō Higaonna (寛量東恩納?): o ideograma 糸 representa a sílaba “Ito” do nome “Itosu”, podendo ser lido como “Shi”; o ideograma 東 representa a sílaba “Higa” do nome “Higaonna”, com pronúncia alternativa de “Tō”; quando lidos desta forma, os caracteres, em on’yomi, soam “Shi”-“Tō”.

O ideograma Ryū (流?) literalmente significa “corrente” ou “fluxo”, porém, nas artes marciais, refere-se a uma escola original. Desta feita, embora não tenha um significado literal, Shitō-ryū pode ser traduzido como “estilo de Itosu e Higaonna”.[8]

Kihon

As defesas são geralmente trabalhadas em um ângulo de 45°, utilizando técnicas tanto com as mãos abertas como com os punhos fechados, sempre percorrendo a menor trajetória possível e o menor gasto de energia, agrupando-se em cinco conceitos fundamentais, chamadas pelo mestre de Gohō no Uke (五法の受け) ou Uke no go Gensoku (受けの五原則), que são:[9]

  • Rakka(落花? queda das flores): quando o fito for conter um ataque fora do eixo central, deve-se bloqueá-lo com toda a força, usando de potência tal que se fosse desferido o golpe contra uma árvore florida, esta perderia todas as flores;
  • Kūsshin(屈伸? contração e expansão): o controlo de um movimento deve ser feito com o movimento do corpo, tendo por espeque as articulações dos joelhos, isto é, o tronco permanece ereto, quando em postura fixa, e a força e o equilíbrio originam-se na articulação das pernas, resultando no mínimo uso de energia própria. Controlo do centro de gravidade;
  • Ryūsui(流水 Ryū-sui?, água corrente): tal como a água se molda a qualquer recipiente que a contenha, assim deve ser a postura ante o oponente, ou seja, perante a força usa-se a suavidade, ou em vez de bloquear o lanho, deve-se interceptá-lo e conduzi-lo para onde se quer;
  • Ten’i(転移? deslocamento): antes de ser atingido por qualquer golpe, melhor é não ser atingido, fazendo-se movimentação constante e coerente. Mas não se trata de simples esquiva;
  • Hangeki(反撃? Contra-ataque): Contra-ataque utilizado como defesa.

Outro conceito muito importante praticado no estilo é o Tenshin-happō (oito direções para deslocamento).

A despeito de o Karate-dō ter sempre enfatizado as técnicas traumáticas (ate waza e atemi waza, são praticadas técnicas de controle do oponente (gyaku-waza), projeções (nage-waza), estrangulamentos (shime-waza), torções (kansetsu-waza) e submissões (katame-waza), preservadas nos kata, principalmente.

Os ataques avançando são geralmente em linha reta e as técnicas sejam de perna, punho ou um simples deslocamento são executadas em grande velocidade. Os chutes são executados nos níveis: gedan (nível baixo), chūdan (nível médio) de uma forma principal, embora nos treinamentos também sejam trabalhados a nível jōdan (nível alto) e inclusive com Tobi (salto), sem restrição alguma.

Também é uma característica complementar do estilo o estudo e prática do Ryūkyū Kobudō (arte marcial antiga de Okinawa).

Heijutsu no Sanbyo
As três fraquezas ou doenças das artes marciais,
por Kenwa Mabuni

Hitotsu- Giryo
Primeiro, Dúvida ou cepticismo

Hitotsu- Ketai
Primeiro, Negligência

Hitotsu- Manshin
Primeiro, Egoismo

A palavra Hitotsu (primeiro), significa que todas têm igual relevância.
Outros princípios como os do Doju Kun e Go Do Shin, começam igualmente com Hitotsu (primeiro) mostrando assim que todos os princípios têm igual importância.

Go Do Shin
Conjunto de cinco princípios espirituais do Shito-ryu

Hitotsu- Ishi. Shoshin wasureru nakare.
Primeiro, Determinação. Nunca se esqueça do espírito desde do inicio.

Hitotsu- Do toku. Reigi okutaru nakare.
Primeiro, Moralidade. Nunca negligencie cortesia e etiqueta.

Hitotsu- Hatten. Doryoku okutaru nakare.
Primeiro, Desenvolvimento. Nunca abdicar do esforço.

Hitotsu- Jo shiki. Jo shiki kakeru nakare.
Primeiro, Senso comum. Nunca perder o senso comum.

Hitotsu- Heiwa. Wa midasu nakare.
Primeiro, Paz. Nunca perturbar a harmonia.

Legado Katas

Aoyagi  | Bakke  | Juroku | Kensho | Kenshu | Myojo | Nipaipo | Shinpa | Shinsei

Simbologia

Simbolo familia Mabuni

Símbolo (Mon) do Shito-ryu - Sensei Jerimoto Gaspar dos Santos por Sensei Jerimoto Gaspar dos Santos - Goioerê | Cidade Portal | O seu PORTAL de NOTICIAS de Goioerê e Noroeste do Paraná

A família Mabuni possuiu um escudo (Kamon) particular, cuja ainterpretação simboliza a harmonia (Wa) e inspira a ideia de pessoas que se encontram unidas para manter a paz. A data de criação do símbolo é desconhecida, porém é possível afirmar que já existia a várias gerações antes de ser adotado por Kenwa Mabuni como símbolo oficial do estilo Shitō-ryū.

 

A família Mabuni possuiu um escudo (Mon) particular, o circulo exterior simboliza a paz e harmonia (Wa) e as linhas internas simétricas representam o caracter japonês para a palavra “humano” ou “pessoa” (hito). Assim, o emblema pode ser interpretado como duas pessoas que se encontram frente a frente unidas para manter a paz. A data de criação do símbolo é desconhecida, porém é possível afirmar que já existia à varias gerações antes de ser adoptado por Kenwa Mabuni como símbolo oficial do estilo Shito-ryu.

Livros

Capa

The Study of Seipai: The Secrets of Self-defense Karate Kenpo

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